segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Além dos índices

Não sei muito nomear as sensações experimentadas ou dar adjetivos específicos ao espetáculo “Índice dos Primeiros Versos”. Causa assombramento e estranheza, no melhor sentido destas palavras. Um espetáculo de mistura. De antropofagia de movimentos, artes, vida. Desta forma, me permito a ousadia de usar algumas frases do manifesto antropofágico de Oswald de Andrade para tecer alguns comentários sobre a bela estréia que presenciei.

Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.

Ou não. Apenas índices. Índices de capítulos abertos absorvendo, processando e criando. Absorção de movimentos e sentimentos. Processo do antes, do durante, experiências atemporais. Criação de luta, teatro, show e é claro, dança.

Uma consciência participante (...).

Ou um palco da vida. Onde a música muda. Onde a gente muda. Um todo que são partes.

O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo.

Voz, movimentos, expressões, música e silêncio, narrando vida. Corpo narrador.
Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada. A humana aventura. A terrena finalidade.

A memória afetiva, e aquilo que a memória não alcança.
E se a abstração do texto é válida, uma vez que o espetáculo também não se faz de simples entendimentos, certamente a beleza deste está muito aquém de ser reproduzida por àquele.
Por Frederica Padilha

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Para os amigos do P.U.L.T.S

Renata Aspesi

Hoje me vi com muita saudade das nossas tardes de criação no P.U.L.T.S. Depois de quase um ano de convivência fiquei refletindo sobre tudo o que rolou nesse nosso lugar sonhado. Todos os laços que foram criados e como eles foram ficando cada vez mais fortes. A cumplicidade que foi se formando entre as pessoas do elenco e como isso foi fundamental pra criar um ambiente acolhedor onde todo mundo se sentia em casa, livres pra gritar, cantar, se despir, se calar e transformar o caos em arte. Pra mim era como se todo dia a gente estivesse de verdade indo pra uma celebração, sabe? Um lugar onde a gente se prepara pra ir e quer chegar logo pra poder se sentir inteiro, no meio daqueles que falam a mesma língua que você, uma língua que a gente mesmo inventou pra tratar de traduzir aquilo que a gente quer falar com o corpo e por todos os poros desse corpo neutro, que aí não fica mais tão neutro assim... Mas fica poroso, expressivo, verdadeiro pra poder materializar a poesia que se fez movimento no nosso lugar sonhado.

Por Renata Aspesi - Intérprete do P.U.L.T.S